Marleide rebate declarações de que professores estariam de férias na pandemia

por Sérgio Oliveira publicado 13/07/2021 13h05, última modificação 13/07/2021 13h05
‘Sem educação seremos apenas animais lutando para sobreviver’, alerta
Marleide rebate declarações de que professores estariam de férias na pandemia

Vereadora Marleide Cunha defende, na Câmara, valorização da educação (foto: Edilberto Barros/CMM)

O período de pandemia da Covid-19 obrigou vários segmentos a buscar adaptações para evitar a sua paralisação. É o exemplo do setor de educação, que tem sobrevivido alternando atividades híbridas, com aulas presenciais ou de forma remota. Falar contrário a essa realidade é expor de forma irresponsável a realidade, que nos mostra o sucateamento que vive a educação no Brasil. A avaliação é da vereadora Marleide Cunha (PT), durante sessão na Câmara Municipal de Mossoró, reagindo aos comentários negativos dos deputados federal Ricardo Barros e estadual Tomba Farias.

A educação, destacou Marleide, é o princípio de uma sociedade democrática e desenvolvida e, isso posto, ela disse que alguns discursos precisam ser debatidos e combatidos. Citando como exemplo discursos que fragilizam professores e professoras, principalmente quando vêm de autoridades que tentam fragilizar a imagem social dos professores.

“E quem fragiliza a imagem do professor, fragiliza a própria educação e o futuro da sociedade”, explicou. Ela lembrou das declarações, no mês de abril, quando o deputado federal Ricardo Barros, disse que “professor não quer trabalhar”. Na sequência, em 7 de julho, o deputado Tomba Farias disse que “professores estão de férias a um ano e sete meses”. São discursos, disse Marleide, que ela tem a obrigação de rebater, pois não se pode tratar a situação como se fosse coisa do passado.

A vereadora reforça que são discursos levianos e irresponsáveis diante de uma realidade existente no Brasil de uma educação que possui o pior índice de avaliação. Um sistema educacional sucateado no qual os professores precisam se virar para existir.

A vereadora defende que não se pode aceitar que destratem a imagem do professor. Falta a essas pessoas o conhecimento da realidade. “Digo a essa autoridade que você foi eleito pelo povo para representá-lo e não destratá-lo. Respeite os professores, eles estão durante a pandemia trabalhando muito mais do que a sua carga normal de trabalho. Manhã, noite e madrugada. Pais e mães sabem disso, só os deputados não sabem”, lamentou Marleide.

Ela acrescentou que os professores compraram equipamentos, ocuparam suas casas, abandonaram suas famílias para combater um vírus, que mata pessoas e não pode matar também a educação e o futuro. Os professores, explicou Marleide Cunha, tiveram que reinventar forma de relação com seus alunos, práticas pedagógicas para atender estudantes de forma não presencial.

Lembrou mais uma vez que o Brasil tem um dos piores sistemas educacionais do mundo e menos ainda é a valorização do professor e, sem educação, vêm os exemplos do tipo do DJ Ivis batendo em mulher e jovens sendo assassinados, como é o caso de Luan (Mossoró). De acordo com a vereadora, reproduzimos escravos, quando a sociedade não é desenvolvida e não tem educação.  Escravos, por exemplo, como os flanelinhas, os catadores de comida no lixo e os moradores das ruas.

A parlamentar seguiu com seu pronunciamento, afirmando que todos nós temos obrigação com a sociedade através da educação, com uma sociedade mais humanizada e que se respeite. Sem educação, disse ela, seremos animais apensas lutando para sobreviver.

Por fim, concluiu dizendo que não defende só uma categoria, e sim uma profissão, uma função social que vai além do conteúdo. Defender a educação é defender aquilo que sequer para o futuro e para as crianças de hoje. “Quando se fragiliza o professor, fragiliza a educação. Respeitar professor é dever moral e essencial para um país desenvolvido”, conclui Marleide Cunha.